sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Um Pouco de História

       No começo, havia os nômades, aqueles que não faziam suas casas em um único ponto; estavam sempre em movimento, sempre se guiando de acordo com a necessidade, alimentando-se de raízes e frutos. Com o tempo aprenderam a lapidação de pedras, descobriram como fazer ferramentas, e foi assim que começou a pesca e a caça.

       Os humanos foram tomando conta do mundo. Mas um dia aconteceu: descobriram que uma semente deixada no solo, com tempo, dava lugar à uma nova planta.

       Foi então que os humanos deixaram de ser nômades para dar início à sua civilização. Construíram suas casas, fixaram residência, e mesmo sem abandonar a caça e a pesca, começaram a plantar para sobreviver.

       Se você me perguntar: o que isso tem a ver com a bruxaria? Eu respondo: A magia sempre esteve presente na vida do ser humano, mesmo naquela época.

       Durante o dia, eles tinham o sol, aquela estrela magnífica que lhes dava tudo o que precisavam para viver: calor, iluminação, fogo, vida. Durante o dia, eles não tinham medo de nada.

       Mas também existia a noite.

       O sol começava a se pôr, ninguém sabia para onde ele ia e nem o porque, só sabiam que ele era engolido por aquela escuridão que tomava conta de todo o mundo. A lua não trazia a iluminação do sol, não dava calor e nem iluminava o caminho: a noite deixava tudo escuro e frio, escondendo as armadilhas e perigos do mundo.

       Eles não entendiam, e mesmo assim, reconheciam que aquilo tudo era algo que estava acima deles. Sabiam reconhecer que os dois, dia e noite, tinham sua importância no mundo. Aos poucos eles foram notando que tanto os ciclos do sol como os da lua interferiam diretamente no mundo e neles mesmos.

       As mulheres estavam tão conectadas com a lua que a maior prova disso era o ciclo menstrual: quando a lua minguava e se escondia, o sangue descia. Para todas. Durante todo esse período as mulheres se recolhiam em tendas especiais, onde cuidavam umas das outras e trocavam experiências, conversavam, meditavam, etc. E voltavam para o resto da aldeia assim que a lua surgia novamente no céu.

       Os homens machucavam-se e poderiam sangrar até a morte. As mulheres conseguiam sangrar toda virada de lua e não corriam risco de vida. Era óbvio que tinha algo de mágico nisso tudo!

       Pinturas nas paredes e esculturas foram feitos ao longo da história representando esse culto ao feminino. Temos a escultura da Vênus de Willendorf (à esquerda), escultura de uma mulher gorda que simbolizava abundância e fertilidade. Outras estátuas de mulheres abrindo sua vagina também foram encontradas. A mulher era o amor, a beleza, a espiritualidade, a sensibilidade, a família, a senhora da vida e da morte.

       Também fizeram cultos aos homens, pois enquanto a mulher simbolizava a terra fértil a ser semeada, o homem era essa semente. O homem era a força bruta, a proteção da família, o senhor da caça. Existiram deuses como a Deusa Mãe, Gaia; Cernnunnos e Homem Verde.

       Avancemos na história...

       Com o passar do tempo as civilizações foram crescendo, mas a magia não foi perdida: sempre houveram pessoas que conheciam do uso de cada erva e cristal; sabiam o que fazer em caso de febre; tinham rezas na ponta da língua; mulheres que eram chamadas para ajudar em partos e em funerais...

       Até que chegou a Inquisição.

       E as mesmas pessoas que tinham ido procurar ajuda, começaram a acusar.

       A inquisição inicialmente foi criada para combater todo grupo religioso que cultuava as plantas, os animais e usava de “mancias”. A Inquisição Medieval foi a primeira a surgir, e combateu os cátaros e albiginenses.

       O condenado era acusado de pestes, doenças, miséria social e catástrofes naturais; era entregue ao Estado para que fosse punido. As penas variavam desde confisco de bens e exílio, até a morte.

       Muitos métodos eram usados para descobrir se uma mulher era bruxa ou não. E, convenhamos, os métodos eram feitos para acusar, e não para absolver! Os procedimentos eram pura tortura, dos quais se a pessoa saísse viva queria dizer que era bruxa e morria na fogueira. Se a pessoa morresse durante as sessões, oh que coisa, ela era uma pessoa normal, mas pelo menos sua alma estará à salva! Não tinha salvação!
               
       Foi nessa época que a bruxaria se fechou em si. Todos aqueles que continuaram praticando foram se escondendo, fugindo, todos os grupos foram ficando mais secretos e tensos. Muitos escritos se perderam nessa época.



       Só no século XVIII é que a Inquisição começou a ser extinta, embora só em 1821 que deram formalmente sua extinção.

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